quinta-feira, 2 de julho de 2015

um mundo em agonia

O ano é 1807, com recuo de algumas décadas, ao fim do ciclo político de Pombal. O cenário no tempo da narrativa é o distrito de Vila real, senhorios do Corgo e da Torgueda, de que é titular D. António Sepúlveda de Vasconcelos e Meneses, pai de Maria do Céu, que completava vinte anos nesse Outubro, e também a capital do Império.
Carlos Malheiro Dias foi também um cultor da História, logrando situar a acção com grande mestria, sem didactismos ou erudições excessivas. Isto só se consegue quando se é um escritor de mão-cheia, como ele o foi.
Há, neste capítulo inicial, vários grandes momentos. Encontramo-los na caracterização psicológica do belicoso morgado, militarão cujo temperamento o casamento e a paternidade aligeiraram, até à viuvez precoce e as urgências da ameaça napoleónica que se antevia; na deliciosa narração da sociabilidade nobreza da província em ocasiões festivas; no retrato da corte, do bizarro regente D. João, príncipe do Brasil, à nobreza ociosa e à padraria e fradaria parasitária que lotavam Lisboa -- cidade que «vivia entre o rosário e o lupanar.»
Disso vou continuar a falar.

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