Carlos Malheiro Dias foi também um cultor da História, logrando situar a acção com grande mestria, sem didactismos ou erudições excessivas. Isto só se consegue quando se é um escritor de mão-cheia, como ele o foi.
Há, neste capítulo inicial, vários grandes momentos. Encontramo-los na caracterização psicológica do belicoso morgado, militarão cujo temperamento o casamento e a paternidade aligeiraram, até à viuvez precoce e as urgências da ameaça napoleónica que se antevia; na deliciosa narração da sociabilidade nobreza da província em ocasiões festivas; no retrato da corte, do bizarro regente D. João, príncipe do Brasil, à nobreza ociosa e à padraria e fradaria parasitária que lotavam Lisboa -- cidade que «vivia entre o rosário e o lupanar.»
Disso vou continuar a falar.
Sem comentários:
Enviar um comentário