segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

livros que me apetecem

O Amigo Comum, de Charles Dickens (Relógio d'Água)
Animais e Companhia na História de Portugal, org. de Isabel e Paulo Drumond Braga (Círculo de Leitores)
Inaginação & Ironia, de Costa Pinheiro (Documenta) 
O Pugilista, de Reinhardt Kleist (Polvo)
O Real Nunca Existiu, de Michel Onfray (Cavalo de Ferro)






terça-feira, 22 de dezembro de 2015

livros que me apetecem

Incipit, de Manuel de Freitas (Averno)
, de Daniel Jonas (Assírio & Alvim)
As Primeiras Histórias de Truman Capote (D. Quixote)
Retrato do Artista Quando Jovem Cão e Outras Histórias, de Dylan Thomas (Livros do Brasil)





domingo, 20 de dezembro de 2015

12x25











«UM  ESTABELECIMENTO MODELAR ONDE
REINAM A PAZ E O TRABALHO -- UM
DIRECTOR QUE É UM AMIGO -- ÓPTIMA
COMIDA -- CRIANÇAS QUE TRABALHAM E 
SE DIVERTEM -- CRIANÇAS LADRONAS EM 
CAMINHO DA REGENERAÇÃO -- ACUSA-
ÇÕES IMPROCEDENTES -- SÓ UM INCOR-
RIGÍVEL RECLAMA -- O REFORMATÓRIO 
    BAIANO É UMA GRANDE FAMÍLIA -- ONDE
   DEVIAM ESTAR OS "CAPITÃES DA AREIA"

(Títulos da reportagem publicada 
ma segunda edição de terça-feira do»

Jotge Amado, Capitães da Areia [1937], 7.^ed., Mem Martins, Publicações Europa-América, 1983, p. 25, ls. 1-12.


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

microleituras

Tropeções num quotidiano nada épico, por vezes sujo, «coisas de que nem fica bem falar.» (p.20), mas sombras de Tom Waits. A amizade, porém, emerge.

ficha: 
Autor: Manuel de Freitas
título: O Coração de Sábado à Noite
colecção: «Poesia Inédita Portuguesa»
editora: Assírio & Alvim
local. Lisboa
ano: 2004
capa: Vigo, fotografia de Jorge Molder
impressão: Cromotipo, Lisboa
págs.: 32
tiragem: 300

1 poema:

ALL STRIPPED DOWN

Cavalheiro idoso, calvo e sem jeito
para foder procura quem o ature
e acredite (às vezes) na ressurreição.

Nunca leu livros, cospe grosso
e ronca. Assunto sério: morrer com alguém.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

microleituras

Reedição de um artigo de 1947, é uma história de exemplo e exortação à mocidade, aproveitada (em 1974!) para propaganda do ideal colonialista dum país com treze anos em guerra. O autor, antigo alto funcionário colocado em Timor, relata o percurso do régulo de Súru, no norte da ilha, de seu nome nativo Nai-Sêssu, usado até à conversão ao cristianismo.
D. Aleixo foi, sem dúvida, uma figura mítica do Portugal colonial do século XX. Põe-se ao lado do colonial, aquando da grande sublevação contra os portugueses, em 1911; e, em 1942, na invasão japonesa, enfrenta os nipões a partir dessas montanhas que seriam redutos inexpognáveis, décadas mais tarde, da Resistência Timorense contra os novos invasores indonésios. Conta-nos o autor, com vivacidade, não apenas a resistência como a traição de que D. Aleixo Corte-Real foi vítima, sendo persuadido a render-se, em troca de garantias de integridade física dos seus. Garantias que seriam rompidas, bàrbaramente.
Lembro-me bem dele, no meu livro de História da 4.ª classe, feita nesse mesmo ano de 1974, em que este livrinho viria a lume, talvez directamente para um qualquer depósito, que o tempo era, e bem, de descolonização.

incipit: «Em duas épocas difíceis da vida de Timor -- 1911-12 e 1942-45 -- o reino do Súru, guiado pelos seus chefes e sob o mando dos dois Leo-Ray, que então ocupavam o regulado, deu ao Governo português provas de tão alta dedicação e de tão nobre patriotismo que recordá-las e dar a conhecer ao País, é um dever, ao cumprimento do qual julgo não poder eximir-se quem, como eu, com esse povo trabalhou e junto dele se bateu.»

ficha: 
Autor: José Simões Martinho
título: D. Aleixo Corte-Real -- Português de Timor
colecção: «Figuras e Feitos d'Além-Mar» # 20
editora: Agência-Geral do Ultramar
local: Lisboa
ano: 1974
impressão: Oficina gráfica da A.-G.U.
págs.: 41


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

microleituras

A história descarnada de Felicidade, a pobre alma simples, pura e ingénua, uma criada-de-servir, uma sopeira, cujo trajecto humílimo pela existência nos é contado pelo criador da Bovary, veio-me logo à memória Homer Clapp, a personagem do comovente poema de Egar Lee Masters. Felicidade, tal como Homer é um desses bobos da vida, alguém que transita do berço ao túmulo, à espera -- ou desesperando -- que a vida lhe seja compassíva. No meio de todo este desengano, Flaubert, esse perverso desalmado -- consegue arrancar-nos algumas gargalhadas. Uma Alma Simples é um dos Trois Contes, publicados em 1877.

incipit: «Durante meio século as donas de casa de Pont-l'Evêque invejaram à senhora Aubain a sua criada Felicidade.»

ficha
Autor: Gustave Flaubert
título: Uma Alma Simples
tradução: Avelar Nobre
colecção: «Mosaico -- Pequena Antologia de Obras-Primas»
editora: Fomento de Publicações
local: Lisboa
ano: s.d.
impressão: Soc. Industrial Gráfica, Lisboa
capa: Bernardo Marques
págs.: 47

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

microleituras

Divertidíssimo, começar pelo título, um jogo de máscaras paródico da literatura policial negra / fantástica, pelas mãos de dois grandes nomes da BD franco-belga actual -- ambos já vencedores do Alph-Art do Festival de Angoulême --, Lewis Trondheim (A Mosca, entre outros) e Frank Le Gall (Teodoro Pintainho, entre outros). Eficácia narrativa em economia de meios.






Vinheta 1:

  
ficha:
Autores: Lewis Trondheim & Frank Le Gall
título: As Aventuras do Fim do Episódio
tradução: Rui Ricardo
colecção: «Quadradinho» #3
editor: Associação Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto
local: Porto
ano: 1996
impressão: Litogaia
págs.: 24

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

microleituras

António Botto, mais conhecido como poeta, muitas vezes muito bom, outras poucas nem por isso, também escreveu contos para crianças. Estorinhas edificantes e pueris que resistiram mal à passagem do tempo, quer pelo léxico (é um problema recorrente dos livros para as crianças) quer pelo tom, distante, sério e moralista.
A edição, recente (o depósito legal é de 1996), é muito preguiçosa: não diz de onde foram extraídos os sete textos que compõem o livro, e é omisso quanto à autoria das ilustrações, que pela assinatura, vimos com dificuldade tratar-se de Alfredo Morais, um pintor académico do primeiro quartel do século passado, a condizer com o conjunto que nos é apresentado. A impressão dos desenhos é péssima.

o incipit do primeiro conto, «Os olhos do amor»: «Uma vez, uma cabrinha estava presa num curral, onde estava também um burro.»

ficha:
Autor: António Botto
título: os Olhos do Amor
colecção (dirigida por Salomé Almeida): «Colecção Céu Azul» #9
editora: Editorial Minerva
edição: 3.ª
local: Lisboa
ano: s.d.
págs.: 48
impressão: Editorial Minerva

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

livros que me apetecem

Arranha-Céus, de J. G. Ballard (Elsinore)
Musicoterapia de A a Z, de Pietro Leveratto (Jacarandá)
A Noite em que a Noite Ardeu, de A. M. Pires Cabral (Cotovia)
Óxido, de Gastão Cruz (Assírio & Alvim)




quarta-feira, 18 de novembro de 2015

12x25


«

Infância

Pouco me recordo de meu pai. Ficamos muito crianças eu e minha irmã, ela com três, eu com cinco anos, quando ele morreu. Lembro-me apenas que minha mãe soluçava, os cabelos caídos sobre o rosto pálido, e que meu tio, vestido de preto, abraçava os presentes com uma cara hipócrita de tristeza. Chovia muito. E os homens que seguravam o caixão andavam depressa, sem atender aos soluços de mamãe, que não queria que levassem o seu marido.
Papai, quando vinha da fábrica, me fazia sentar sobre os seus joelhos e me ensinava o abc com a sua bela voz. Era delicado e incapaz, como diziam, de fazer mal a uma formiga. Brincava com mamãe como se ainda fossem namorados. Mamãe, muito alta e muito pálida, as mãos muito finas e muito longas, era de uma beleza esquisita, quase uma figura de romance. Nervosa, às»

Jorge Amado, Cacau (1933), Lisboa, Planeta de Agostini, 1999, p. 25, ls.1-12

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

livros que me apetecem

Departamento de Especulações, Jenny Offill (Relógio d'Água)
A Minha Prisão, Isaltino Morais (Esfera do caos)
Portugueses nos Campos de Concentração Nazis, Patrícia Carvalho (Vogais)
Purity, Joathan Franzen (D. Quixote)




quarta-feira, 11 de novembro de 2015

livros que me apetecem

Bocage -- Imagem e Verbo, Daniel Pires (Imprensa Nacional-Casa da Moeda)
Em Teu Ventre, José Luís Peixoto (Quetzal)
Se Eu Fosso Chão, Nuno Camarneiro (D. Quixote)
Terramoto Doutrinal, Carlos A. Moreira Azevedo (Temas & Debates / Círculo de Leitores)
O Último Natal de Guerra, Primo Levi (Cotovia)






quarta-feira, 4 de novembro de 2015

microleituras

Vinte e três cartas, datadas entre 1922 e 1926 -- exemplarmente anotadas por José Barbosa --, do historiador da náutica dos Descobrimentos Luciano Pereira da Silva, ao historiador da Cultura Portuguesa Joaquim de Carvalho, então a dirigir a Imprensa da universidade de Coimbra.
Trata-se de um epistolário de eruditos, basicamente sobre a publicação de estudos próprios ou de terceiros, mais de metade escrito em períodos de férias, por vezes com um toque pitoresco do sábio dividido entre os deveres do estudo e as delícias do dolce far niente estival.

excerto: 
«[...] O tempo está por aqui delicioso. É com mágoa que vejo este mês de setembro precipitar-se na voragem do Passado. As férias já mostram o fim próximo. Qualquer dia regressamos à velha Coimbra. Quando para lá for, lhe peço o favor de m'o dizer.
O que lhe desejo é que tudo lhe corra bem, que faça m.tos achados, e bons, nas sua investigações, muitos Eurekas, qual o amigo Arquimedes e com o mesmo alvoroço de satisfação, mas não no mesmo traje. [...]»
[carta datada de Caminha, em 14 de Novembro de 1925]

ficha:
Autor: Luciano Pereira da Silva
título: Correspondência de Luciano Pereira da Silva para Joaquim de Carvalho
edição: José Barbosa
Separata do Bol. bibl. Univ. Coimbra, vol. 39, págs. 41-90
editor: Universidade de Coimbra
local. Coimbra
ano: 1984
impressão. oficinas de «Coimbra editora»
págs.: 49

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

microleituras

Uma iniciativa inteligente da Direcção-Geral da Cultura / Norte, por volta de 2003: a edição de uma espécie de roteiros dos grandes escritores da região, a partir dos seus textos em que se abordassem, além das raízes próprias, os patrimónios material e imaterial. 
A mim coube-me o Ferreira de Castro, que tive de encaixar, tal como sucedeu com os outros autores, em quatro capítulos: «O Homem, o Escritor», «Espaços de Inspiração», «Topografia Literária» e «Nas Entrelinhas da Escrita». Não fiquei de todo descontente com o resultado final, muito enriquecido pelas fotografias de época e pelo excelente trabalho de António Pinto.

incipit: «Tivesse ou não emigrado para o Brasil, ainda criança e sozinho, Ferreira de Castro seria sempre escritor.»

ficha: 
Autor: Ricardo António Alves
título: Viajar com... Ferreira de Castro
colecção: «Viajar com... Os Caminhos da Literatura»
edição: Delegação Regional da Cultura do Norte / Edições Caixotim
local: s.l.
data: s.d. [2004]
impressão: Rocha / Artes Gráficas, Vila Nova de Gaia
fotografias: António Pinto,
págs.: 50
tiragem: 2000

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

livros que me apetecem






Dicionário de Eça de Queirós, direcção de A. Campos Matos (IN-CM)
O Modernismo Brasileiro e o Modernismo Português, de Arnaldo Saraiva (IN-CM)
O Morgado de Mateus, Editor de Os Lusíadas, de Anne Gallut (Fundação Casa de Mateus / Alêtheia)
Os Órfãos do Orpheu, de Arnaldo Saraiva (Fundação Eng.º António de Almeida)
Tex -- Patagónia, de Mauro Boselli & Pasquale Frisenda (Polvo)
Racismos -- Das Cruzadas ao Século XX, de Francisco Bethencourt (Temas & Debates)

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

microleituras

Há quem considere Mário António (Fernandes de Oliveira, 1934-1989) o maior poeta angolano. Amor (1960) abriu a «Colecção de Autores Ultramarinos» da mítica CEI -- Casa dos Estudantes do Império. A simplicidade da edição é quase comovente. Dentro, meia dúzia de poemas que cantam o amor e a saudade dele, por vezes com acentos camonianos.






SONETO

Não invoquei o sonho para amar-te.
Não te mudei o nome nem a face
nem permiti que nada transformasse
minha imagem de ti em forma de arte.

Não te menti em nada. Para dar-te
a imagem do que eras (Um enlace
perfeito e harmonioso é o que dá-se
entre quem és e o esforço de cantar-te)

só deixei que os meus olhos te mostrassem
como o fundo de um poço ou como chama
onde secretas imagens perpassassem

as estrelas e as flores, o fogo e a lama
todo o mudo pudor que nunca há sem
os olhos destruídos de quem ama.

ficha
Autor: Mário António
título: Amor
edição: 2.ª
editor: UCCLA-União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa / Sol
local: Lisboa
ano: 2014
impressão: Fotocompográfica, Almada
capa: Henrique Abranches
págs.: 23
tiragem: 45000

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

microleituras

Um clássico da literatura tradicional trabalhada por vários autores, de Ana de Castro Osório (a única que, até agora, lera) a António Sérgio, passando pela grande escritora brasileira para a infância Lúcia Pimentel Góes. Neste livrinho, é Filomena Marona Beja quem decide recontá-la, retirando-lhe o peso machista da época, que hoje seria inaceitável e acintoso: os misteriosos dez anõezinhos vieram ajudar  a dona de casa cujo desmazelo transtornara o marido, e esse auxílio pretado pelas dez criaturinhas acabaram por restabelecer a paz no lar. Donas e donos  de casa, nos nossos dias, só por opção ou desemprego. Assim, nova moral da história: «o trabalho de cada um valoriza-se por si e pelo dos outros.»
Trata-se de uma edição artesanal, com imagens produzidas pela oficina de ilustração da Casa da Achada, que publicou a obra.

Incipit: «Eram novos e viviam juntos havia pouco tempo.»

ficha:
Autora: Filomena Marona Beja
título: Os Dez Anõezinhos da Tia Verde-Água
ilustrações: Marta Caldas, Felisbela Fonseca e elementos da oficina de ilustraçao da CA
edição: Casa da Achada - Centro Mário Dionísio
local: Lisboa
ano: 2014
capa: Eduarda Dionísio + oficina de paginação
impressão: Casa da Achada-Centro Mário Dionísio
págs.: 36  

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

microleituras


Ponto de situação do património romano no concelho, texto que serviu de base a uma exposição em 1986. O município é sobretudo rico em villae -- explorações agrícolas em torno de residências senhoriais -- "equiparável ao monte  alentejano" --, sendo as mais importantes Casais Velhos (Areia-Guincho), Alto do Cidreira (Carrascal de Alvide) e Freiria (S. Domingos de Rana). Delas se extraíram, desde as prospecções pioneiras de Francisco Paula e Oliveira, no último quartel do século XIX, objectos de uso quotidiano e aras votivas do maior interesse.
Naturalmente que nos trinta anos que se seguiram, vários e importantes foram os achados e o estudos, mas isso já não faz parte deste opúsculo.
o incipit: «Este texto foi o catálogo da exposição «Cascais no Tempo dos Romanos» que, em Agosto de 1986, esteve patente ao público no Palácio da Cidadela, em Cascais, organizada sob o patrocínio da Câmara Municipal e do Instituto Português do Património Cultural, montada pela Divisão de Artes Criativas e Montagem da Secretaria de Estado da Cultura.» («Nota prévia»)

ficha
autores: Guilherme Cardoso e José d'Encarnação
título: Cascais no Tempo dos Romanos
editora: Câmara Municipal de Cascais
ano: 1990
impressão: Ramos, Afonso & Moita, Lisboa
págs.: 16
tiragem: 500 ex.
obs.: separata da Revista de Arqueologia #1, Lisboa Assembleia Distrital, 1990. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Liberto Cruz, Felicidade na Austrália

Um livro de contos transbordante de humor, por vezes felliniano, mas também com uma idiossincrasia muito portuguesa. À memória chegaram-me passagens de O que Diz Molero, de Dinis Machado, e a «Trilogia dos Cafés», de Álvaro Guerra.
Liberto Cruz, mais conhecido como ensaísta e investigador literário (Júlio Dinis, Ruben A., Blaise Cendrars) e poeta, traz para a literatura portuguesa uma nova região literária: não a Austrália -- o título é retirado dum verso do Pessoa/Álvaro de Campos, citado em epígrafe --, não o país dos cangurus, mas o «Estado Independente de Penaferrim», ele próprio um microcosmos do Portugal do tempo do Estado Novo. Liberto Cruz, nascido há oitenta anos na conhecida freguesia sintrense de São Pedro de Penaferrim, ficciona as suas memórias do lugar com um distanciamento nada nostálgico -- ou, se alguma nostalgia puder vislumbrar-se, estará filtrada pelo estranhamento do tempo e da distância, a distância de quem tem mais mundos, outros mundos. (Lisboa, Editorial Estampa, 2014)

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

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«a maior parte deles formados por aluviões detríticas da Serra; de onde em onde, como em Espinheiro, Moimenta, Nabais e Carrapichana, aparecem aglomerados de granito muito duro, barrocais, ou montões graníticos isolados. Para os lados da Serra, porém, em Mangualde, S. Cosmado, Pico do Corvo (a Oriente de Gouveia), Folgosinho, Linhares e Cortiço, é grande a abundância de cerros, de elevações graníticas com os flancos eriçados de penedias; a Norte de Folgosinho, por exemplo, dominando a povoação, um castelo ou cúpula de quartzo róseo e leitoso; em Linhares, por todos os lados, rochas de granito feldspático, montes de blocos enormes; em Salgueirais há também grandes rochedos de granito de grão fino e feldspático, de dente de cavalo, que se estendem por Cortiço, Juncais, Quinta do Carriçal, Vila Soeiro e Jejua, até ao Mondego. A Oriente de Salgueirais levanta-se a penha de prados (alt. 1150m), uma espécie de castelo de ásperos blocos, com»


Carlos Alberto Marques, A Serra da Estrela -- Estudo Geográfico (1939), apresentação e notas de Pinharanda Gomes, fotografias de Duarte Belo, Lisboa Assírio & Alvim, 1996, p. 25, ls. 1-12.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

livros que me apetecem

Antologia Poética, de Castro Alves (Glaciar)
O Ateneu, de Raul Pompeia (Glaciar)
Os Números da Desigualdade em Portugal, de Eugénio Rosa (Lua de Papel)
A Paixão do Conde de Fróis, de Mário de Carvalho (Porto Editora)
Veio Depois a Noite Infame, de Margarida Palma (Casa das Letras)









terça-feira, 15 de setembro de 2015

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«O rio Minho tem um afluente que se chama Coura e nasce entre pedras como um fio de água. Andam-lhe à roda pinheiros distraídos debaixo do céu, que é sempre azul e luminoso, e matam nele a sede os lobos e as rolas. A água corre sem ter tempo de colher estas imagens, feita espuma, de penhasco em penhasco. Vai engrossando, sem se saber bem porquê, no declive da montanha e, à medida que desce e aumenta, vai-se tornando mais séria. Começa por brinquedo que serve de brinquedo a algumas rãs, acaba em pai-»

António Pedro, Apenas uma Narrativa (1942), 2.ª ed., Lisboa, Editorial Estampa, 1978, p. 25, ls. 1-12.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

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«O CLARÃO DA CIDADE

"Na cidade dormem. Pois ela não tem noite! Eu bem lhe vejo o clarão no céu..." -- congeminava o garoto.
--Ó mãe, chegue aqui à varanda. Olhe cá: na cidade dormem?
A mãe, que não era mouca e manquejava, respondeu, mesmo da cozinha:
-- A cidade não dorme. Lá é sempre dia. (Depois disse qulquer coisa à pequenita, que ela veio logo a correr.)
Como se fosse contrariado no seu pensamento, o»

José Marmelo e Silva, Adolescente Agrilhoado (1948), 3.ª ed., Lisboa, Ulisseia, 1967, p. 25, ls. 1-12.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

livros que me apetecem

O Árabe do Futuro, Riad Sattouf (Teorema)
Ceuta 1415, Luís Miguel Duarte (Livros Horizonte)
A Estrada dos Silêncios, Carlos Vale Ferraz (Casa das Letras)
Porquê Ler os Clássicos, Italo Calvino (Dom Quixote)
A Sombra do Mar, Armando Silva Carvalho (Assírio & Alvim)