quinta-feira, 29 de outubro de 2015

livros que me apetecem






Dicionário de Eça de Queirós, direcção de A. Campos Matos (IN-CM)
O Modernismo Brasileiro e o Modernismo Português, de Arnaldo Saraiva (IN-CM)
O Morgado de Mateus, Editor de Os Lusíadas, de Anne Gallut (Fundação Casa de Mateus / Alêtheia)
Os Órfãos do Orpheu, de Arnaldo Saraiva (Fundação Eng.º António de Almeida)
Tex -- Patagónia, de Mauro Boselli & Pasquale Frisenda (Polvo)
Racismos -- Das Cruzadas ao Século XX, de Francisco Bethencourt (Temas & Debates)

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

microleituras

Há quem considere Mário António (Fernandes de Oliveira, 1934-1989) o maior poeta angolano. Amor (1960) abriu a «Colecção de Autores Ultramarinos» da mítica CEI -- Casa dos Estudantes do Império. A simplicidade da edição é quase comovente. Dentro, meia dúzia de poemas que cantam o amor e a saudade dele, por vezes com acentos camonianos.






SONETO

Não invoquei o sonho para amar-te.
Não te mudei o nome nem a face
nem permiti que nada transformasse
minha imagem de ti em forma de arte.

Não te menti em nada. Para dar-te
a imagem do que eras (Um enlace
perfeito e harmonioso é o que dá-se
entre quem és e o esforço de cantar-te)

só deixei que os meus olhos te mostrassem
como o fundo de um poço ou como chama
onde secretas imagens perpassassem

as estrelas e as flores, o fogo e a lama
todo o mudo pudor que nunca há sem
os olhos destruídos de quem ama.

ficha
Autor: Mário António
título: Amor
edição: 2.ª
editor: UCCLA-União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa / Sol
local: Lisboa
ano: 2014
impressão: Fotocompográfica, Almada
capa: Henrique Abranches
págs.: 23
tiragem: 45000

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

microleituras

Um clássico da literatura tradicional trabalhada por vários autores, de Ana de Castro Osório (a única que, até agora, lera) a António Sérgio, passando pela grande escritora brasileira para a infância Lúcia Pimentel Góes. Neste livrinho, é Filomena Marona Beja quem decide recontá-la, retirando-lhe o peso machista da época, que hoje seria inaceitável e acintoso: os misteriosos dez anõezinhos vieram ajudar  a dona de casa cujo desmazelo transtornara o marido, e esse auxílio pretado pelas dez criaturinhas acabaram por restabelecer a paz no lar. Donas e donos  de casa, nos nossos dias, só por opção ou desemprego. Assim, nova moral da história: «o trabalho de cada um valoriza-se por si e pelo dos outros.»
Trata-se de uma edição artesanal, com imagens produzidas pela oficina de ilustração da Casa da Achada, que publicou a obra.

Incipit: «Eram novos e viviam juntos havia pouco tempo.»

ficha:
Autora: Filomena Marona Beja
título: Os Dez Anõezinhos da Tia Verde-Água
ilustrações: Marta Caldas, Felisbela Fonseca e elementos da oficina de ilustraçao da CA
edição: Casa da Achada - Centro Mário Dionísio
local: Lisboa
ano: 2014
capa: Eduarda Dionísio + oficina de paginação
impressão: Casa da Achada-Centro Mário Dionísio
págs.: 36  

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

microleituras


Ponto de situação do património romano no concelho, texto que serviu de base a uma exposição em 1986. O município é sobretudo rico em villae -- explorações agrícolas em torno de residências senhoriais -- "equiparável ao monte  alentejano" --, sendo as mais importantes Casais Velhos (Areia-Guincho), Alto do Cidreira (Carrascal de Alvide) e Freiria (S. Domingos de Rana). Delas se extraíram, desde as prospecções pioneiras de Francisco Paula e Oliveira, no último quartel do século XIX, objectos de uso quotidiano e aras votivas do maior interesse.
Naturalmente que nos trinta anos que se seguiram, vários e importantes foram os achados e o estudos, mas isso já não faz parte deste opúsculo.
o incipit: «Este texto foi o catálogo da exposição «Cascais no Tempo dos Romanos» que, em Agosto de 1986, esteve patente ao público no Palácio da Cidadela, em Cascais, organizada sob o patrocínio da Câmara Municipal e do Instituto Português do Património Cultural, montada pela Divisão de Artes Criativas e Montagem da Secretaria de Estado da Cultura.» («Nota prévia»)

ficha
autores: Guilherme Cardoso e José d'Encarnação
título: Cascais no Tempo dos Romanos
editora: Câmara Municipal de Cascais
ano: 1990
impressão: Ramos, Afonso & Moita, Lisboa
págs.: 16
tiragem: 500 ex.
obs.: separata da Revista de Arqueologia #1, Lisboa Assembleia Distrital, 1990. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Liberto Cruz, Felicidade na Austrália

Um livro de contos transbordante de humor, por vezes felliniano, mas também com uma idiossincrasia muito portuguesa. À memória chegaram-me passagens de O que Diz Molero, de Dinis Machado, e a «Trilogia dos Cafés», de Álvaro Guerra.
Liberto Cruz, mais conhecido como ensaísta e investigador literário (Júlio Dinis, Ruben A., Blaise Cendrars) e poeta, traz para a literatura portuguesa uma nova região literária: não a Austrália -- o título é retirado dum verso do Pessoa/Álvaro de Campos, citado em epígrafe --, não o país dos cangurus, mas o «Estado Independente de Penaferrim», ele próprio um microcosmos do Portugal do tempo do Estado Novo. Liberto Cruz, nascido há oitenta anos na conhecida freguesia sintrense de São Pedro de Penaferrim, ficciona as suas memórias do lugar com um distanciamento nada nostálgico -- ou, se alguma nostalgia puder vislumbrar-se, estará filtrada pelo estranhamento do tempo e da distância, a distância de quem tem mais mundos, outros mundos. (Lisboa, Editorial Estampa, 2014)

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

12x25


«a maior parte deles formados por aluviões detríticas da Serra; de onde em onde, como em Espinheiro, Moimenta, Nabais e Carrapichana, aparecem aglomerados de granito muito duro, barrocais, ou montões graníticos isolados. Para os lados da Serra, porém, em Mangualde, S. Cosmado, Pico do Corvo (a Oriente de Gouveia), Folgosinho, Linhares e Cortiço, é grande a abundância de cerros, de elevações graníticas com os flancos eriçados de penedias; a Norte de Folgosinho, por exemplo, dominando a povoação, um castelo ou cúpula de quartzo róseo e leitoso; em Linhares, por todos os lados, rochas de granito feldspático, montes de blocos enormes; em Salgueirais há também grandes rochedos de granito de grão fino e feldspático, de dente de cavalo, que se estendem por Cortiço, Juncais, Quinta do Carriçal, Vila Soeiro e Jejua, até ao Mondego. A Oriente de Salgueirais levanta-se a penha de prados (alt. 1150m), uma espécie de castelo de ásperos blocos, com»


Carlos Alberto Marques, A Serra da Estrela -- Estudo Geográfico (1939), apresentação e notas de Pinharanda Gomes, fotografias de Duarte Belo, Lisboa Assírio & Alvim, 1996, p. 25, ls. 1-12.