É extraordinária a forma como Ferreira de Castro dá a sensação de quietude silenciosa nesta cena inicial de Emigrantes, durante preguiçar de Manuel da Bouça num fim de tarde pastoral e primaveril:
«À esquerda, para lá ainda da falda do outeiro, esbranquiçava, por entre a ramagem estática, o casario da aldeia. Desse lado, certamente de debicar os brincos vermelhos das cerejeiras, um gaio vinha, de quando em quando, esconder no pinhal o cromatismo da sua plumagem. "Chuá! Chua!" E era o único grito que quebrava o silêncio, também volátil, das velhas árvores em êxtase.»
Ferreira de Castro, Emigrantes (1928)
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