terça-feira, 2 de junho de 2015

o princípio em 1914: «Cumpridos dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me defendi, morto para a vida e para os sonhos: nada podendo fazer já esperar e coisa alguma desejando -- eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a minha inocência.»

Ao contrário da poesia de Sá-Carneiro, que me comove e/ou entusiasma, a prosa de A Confissão de Lúcio (novela publicada em 1914), é-me quase insuportável, pelos ouropéis e arrebiques -- que, apesar de tudo, estão ausentes deste começo. O estilo envelheceu, envelheceu mal, e cansa-me. Por isso, quando li a novela, fi.-lo com sacrifício. Vou fazer agora mais uma tentativa de passear por ela, acompanhando o infortúnio de Lúcio, acusado de matar o poeta Ricardo de Loureiro (estes nomes, estes nomes!....). E então, o que pretensamente vamos ler será, como diz o narrador-protagonista «um documento», uma confissão, um memorial, um relatório -- expediente bastas vezes utilizado, lembro-me, de repente do Viver!, de Assis Esperança (1921), de O Intervalo, de Ferreira de Castro (póstumo, mas escrito cerca de 1936) e de Manhã Submersa, de Vergílio Ferreira (1954). 
Confesso, por minha vez, que me esforçarei.

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