José Luandino Vieira, «Estória do ladrão e do papagaio», Luuanda [1963], Lisboa, Círculo de Leitores, 1983.
autobiografia, correspondência, ensaio, história, memórias, panfleto, poesia, polémica, romance, teatro, viagens
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
outro parágrafo de LUUANDA
Garrido Kam'tuta veio na esquadra porque roubou um papagaio. É verdade mesmo. Mas saber ainda o princípio, o meio, o fim dessa verdade, como é então? Num papagaio nada que se come; um papagaio fala um dono, não pode se vender; um papagaio come muita jinguba e muito milho, um pobre coitado capianguista não gasta o dinheiro que arranja com bicho assim, não dá lucro. Porquê então roubar ainda um pássaro desses?
José Luandino Vieira, «Estória do ladrão e do papagaio», Luuanda [1963], Lisboa, Círculo de Leitores, 1983.
José Luandino Vieira, «Estória do ladrão e do papagaio», Luuanda [1963], Lisboa, Círculo de Leitores, 1983.
uma epígrafe de Manoel de Barros
«Há histórias que são tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.»
(escolhida por José Eduardo Agualusa para o livro
Fronteiras Perdidas, 1999)
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Manoel de Barros
domingo, 27 de outubro de 2013
um parágrafo d'A FADA ORIANA
Cá fora já anoitecia. A fada pôs-se a caminho da torre do Poeta. A torre ficava longe e o caminho era selvagem, cheio de picos e de pedras. Oriana caminhava cortando a cada instante os seus pés. Não se ouvia cantar nenhum pássaro, não se via correr nenhum coelho, não se via aparecer nenhum veado com o seu ar majestoso e os olhos húmidos de doçura. Em toda a floresta pairava o silêncio, o abandono, a solidão. Quando Oriana chegou à torre, era já noite fechada. E ela levava os pés em sangue e o coração pesado.
Sophia de Mello Breyner Andresen, A Fada Oriana [1958], Porto, Livraria Figueirinhas, s.d. ; ilustrações: Natividade Corrêa.
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sábado, 26 de outubro de 2013
VOLÚPIA
No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade...
A nuvem que arrastou o vento norte...
-- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...
Florbela Espanca, Charneca em Flor / Antologia Poética, org. Fernando Pinto do Amaral, Lisboa, Publicações Dom Quixote.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
um parágrafo de LUUANDA

José Luandino Vieira, «Vavó Xixi e seu neto Zeca Santos», Luuanda [1963], Lisboa, Círculo de Leitores, 1983.
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