Durante um mês de convalescença, o narrador empreende a leitura dos clássicos do pensamento ocidental, levando-o, por sua vez, em duas tardes, a desenvolver um corpus pessoal de divagações metafísicas, cuja publicação pretende seja póstuma. Generosamente, faculta ao leitor três esboços do edifício teórico que construiu: a "Crítica do Terror Puro", "A Dialéctica Escatológica como Meio de Enfrentar os Seixos" e "O Cosmos a Cinco Dólares por Dia", mais, generoso, "Duas parábolas" e uma mancheia de "Aforismos".
É de Woody Allen, e do realizador de "Manhattan" só se espera a irrisão dos lugares-comuns contemporâneos, do mais rasteiro à alta cultura dos maître-à-penser.
o incipit: «O desenvolvimento da minha filosofia aconteceu como segue: a minha mulher, tendo-me convidado para provar o seu primeiro soufflé, deixou cair uma colher dele no meu pé, fracturando vários ossinhos.»
um parágrafo: «O universo é apenas uma ideia passageira na mente de Deus -- um pensamento bonito e incómodo, sobretudo se se acabou de pagar a "entrada" para comprar uma casa.»
Woody Allen, «a minha filosofia», Para Acabar de Vez com a Cultura, tradução de Jorge Leitão ramos, 4.ª ed., Amadora, Livraria Bertrand, 1981, pp. 31-36.
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