quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

leituras de 2014: #7 CARÍSSIMAS 40 CANÇÕES

Quando o maior cantautor (horrível palavra) português vivo decide corresponder a um convite para escrever sobre quarenta canções que o tenham marcado, a propósito das quatro décadas do seu percurso enquanto músico (Sobreviventes é de 1972), isso é motivo do maior interesse. Até porque Sérgio Godinho, escritor de canções (nome dum espectáculo seu há uns anos) é, simultaneamente, músico e poeta excepcional. Peguei agora no livro, sem que tivesse lido os textos no Expresso, jornal de que estive afastado durante mais de vinte anos.
Este é um livro ao qual voltarei muitas vezes, neste ou noutro blogue, por isso não discorrerei sobre as canções escolhidas. Sem grandes surpresas, predomínio de duas constelações: a anglo-saxónica e a lusófona (16/16)
Da primeira, dos arredores do jazz (Aretha Franklin, Peggy Lee e Ray Charles), ao rock & roll de Elvis Presley; Dylan, Crosby, Stills, Nash & Young e Paul Simon são a marca de americana, a que podemos juntar os Doors. Três das grandes bandas britânicas de '60: Beatles, Rolling Stones e Kinks; e a natural presença do experimentador Robert Wyatt (ex-baterista dos Soft Machine). Não estava à espera dos Travelling Wilburys, ou sejam: Bob Dylan, George Harrison, Jeff Lyne, Roy Orbison e Tom Petty, mas faz todo o sentido... A isto juntem-se canções de três filmes: West Side Story, My Fair Lady  e Gold Diggers of 1933.
Em português: mais do que expectáveis: José Afonso, José Mário Branco, Amália Rodrigues, Caetano Veloso [este a bisar com Peninha], Chico Buarque, Milton Nascimento; vêm-se com naturalidade Fausto e Jorge Palma, João Gilberto ou Marisa Monte; Noel Rosa e Pixinguinha apontam para tempos primordiais da música do lado de lá que tanto se ouviu por cá; supreendem o Conjunto de António Mafra, Frei Hermano da Câmara e Tony de Matos, de resto muito bem defendidos
A música erudita tem representação indirecta: Kurt Weill e Henry Purcell, através de Lotte Lenya e Klaus Nomi, respectivamente. 
Por fim, mas not the least, Jacques Brel, Georges Brassens, Ana Karina & Serge Gainsbourg, Boris Vian, Paco Ibañez e Violeta Parra (a ordem não é esta, claro).
Uma palavra para o esplêndido trabalho editorial da Abysmo: é um livro que se aprecia como objecto, das ilustrações de Nuno Saraiva, ao design (Elisabete Gomes / SilvaDesigners), passando pelo próprio papel.   5*****  

Ficha
Autor: Sérgio Godinho
título: Caríssimas 40 Canções
subtítulo: Sérgio Godinho e as Canções dos Outros
edição: Abysmo
local: Lisboa
ano: 2012
págs.: 153
capa e ilustrações: Nuno Saraiva
impressão:  ACD-Artes Gráficas
tiragem: 1500


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