«Vou começar pela estátua: a de cima, a permanente, a sem estilo, a que chora lágrimas de cobre, a que lega à posteridade a imagem circunspecta de um homem com um laço desajeitado, colete quadrado, calças largas como sacos, bigode em desalinho. Flaubert não corresponde ao olhar. Olha fixamente para Sul, da place des Carmes em direcção à Catedral, por sobre a cidade que desprezou, e que, por sua vez, o ignorou largamente. A cabeça está a uma altura proibitiva: só os pombos podem ver a extensão total da calvície do escritor.»
Juçian Barnes, O Papagaio de Flaubert (1984)
tradução: Ana Maria Amador
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