Às vezes, o que se dava sempre durante a noite, quando o bosque invisível, sacudido pelo vento soltava lastimosos gemidos, um ou outro doente, tomado duma angústia mortal, começava a gritar. Acudiam-lhe, geralmente, com rapidez para que ele acalmasse; mas havia ocasiões em que o terror e a angústia eram tão fortes que tornavam ineficazes todos os sedativos -- e o enfermo continuava a gritar. Então a angústia contagiava todos os habitantes da clínica, e os doentes, semelhantes a bonecos mecânicos a que se tivesse dado corda, punham-se a percorrer, cheios de nervosismo, os seus aposentos, ao mesmo tempo que esbracejavam e proferiam coisas estúpidas, ininteligíveis. Todos, incluindo os doentes menos agitados, batiam violentamente nas portas e pediam que os libertassem.
Leonid Andreiev, Os Espectros (1904)
tradutor anónimo
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