Fecharam os telhais. Com os prenúncios de Outono, as primeiras chuvas encheram de frémitos o lodaçal negro dos esteiros, e o vento agreste abriu buracos nos trapos dos garotos, num arrepio de águas e de corpos. também sobre os fornos e engenhos perpassou lufada desoladora, que não deixava o fumo erguer-se para o alto. Que indústria como aquela queria vento, é certo; mas sol também. Vento para enxugar e sol para calcinar -- sentenciavam os mestres. Mas os sol andava baixo: não calcinava o tijolo, nem as carnes juvenis da malta.
Início de Esteiros (1941), de Soeiro Pereira Gomes, Mem Martins, Publicações Europa-América, 5.ª ed., 1974.
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