quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O hindu nos olha com ar sóbrio e decidido.

O hindu nos olha com ar sóbrio e decidido. Não parece perdido ou deslocado. Como se tivesse por certo sua história a contar. Entre seu turbante, brincos e colete de linho escuro riscado, pode-se perguntar por que e como teria chegado ao inferno verde. O artesão de imagens Dana Merrill numerou todos os negativos que fez em 1909-10, como fotógrafo oficial contratado pela Brazil Railway Company, empresa que construía a ferrovia Madeira-Mamoré. Este close-up do hindu anônimo, número 1350 talhado na borda do colete, foi o que me cativou para iniciar as pesquisas que resultaram em Trem-fantasma, minha madalena nunca antes provada, estranhamento radical que é o que talvez separe o reconhecimento dos sinais da memória pessoal dos da história coletiva.
Início de Trem-Fantasma -- A Ferrovia Madeira-Mamoré e a Modernidade na Selva, de Francisco Foot Hardman, 2.ª edição, 

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